terça-feira, 21 de outubro de 2008

писать или не писать

A princípio, é necessário demais deixar claro que, para a minha integração social, eu aprendi desde cedo que as pessoas precisam, necessitam não falar tudo que lhes vem a mente. Eu falo mais ou menos 90% do que eu realmente penso, em determinadas situações até 100, não tenho a menor dificuldade nisso.
Acontece que eu saquei muito nova, por volta dos meus 5 ou 6 anos, que as pessoas, a maioria delas, simplesmente tem uma enorme dificuldade em compreender o que você realmente quer dizer; que elas podem interpretar e repetir suas palavras dando a elas outro significado, e que (esse é o mais importante, demorei muito pra sacar essa) elas simplesmente exigem que você use determinadas cordialidades, mesmo aquelas pessoas que te amam incondicionalmente. E eu sou por natureza, uma pessoa ríspida.
Eu posso passar aqui por uma pessoa reprimida (os que me conhecem sabem que eu não sou) ou por uma pessoa hipocrita, até, mas não. Eu simplesmente sou agressiva.
Eu escrevo rasgado, simplesmente porque não posso falar assim. Não aceito que falem assim comigo, logo não irei faze-lo com os outros.
Eu gosto de sangrar com palavras, códigos e outras viagens astrais por ae, de forma altamente pessoal as vezes, mas que de alguma maneira exprimem sim, minha visão sobre os fatos ou as estruturas sociais.
Então, amiguinhos, venho através desse meu post, tão formal, dizer porque é que eu prefiro não atuar em qualquer área de jornalismo, com excessão das vanguardas blogueiras e mídias colaborativas em que a liberdade de expressão codificação e autoria seja máxima.
Meu ápice jornalistico é esse blog.
E isso não é covardia. É uma escolha.
Eu não quero escrever sobre os fatos do mundo.
Eu não quero cotidiano.
Eu não quero fazer parte de nenhum formato.
Eu não quero demonstrar minha agressividade, que nem sempre é construtiva, simplesmente pra corroborar com uma iniciativa que sim, eu acho ducaralho, mas não é a minha!
A minha reflexão, a minha voz, o meu olhar, é sim, algo que eu quero expor.
Mas não por meio de textos organizados em folhinhas que as pessoas leem no metrô.

(e eu terei de agora em diante, sérios problemas de consciencia. A minha auto-afirmação enquanto parte da mídia entrará em choque, em colapso, em guerra com as minhas necessidades economicas. e agora josé?)

3 comentários:

Manuela Andreoni disse...

Bom... Acho que as pessoas que lêem folhinhas no metrô só têm a perder com essa sua escolha. Já que a recíproca não é verdadeira, paciência!
Se um dia reconsiderar, nós da iniciativa du caralho estamos ainda de braços abertos para a vanguarda e o anti-tudo-isso-que-está-aí, pois a não institucionalidade do seu ser, querida gal, nos é muita cara!

Manuela Andreoni disse...

Viva o pódio dos não compreendidos incompreensíveis, dos inteligentíssimos ininteligíveis! E o cinismo de todos os críticos há de prevalecer sobre qualquer tipo de freqüência estranhamente inteligível mesmo que completamente nova.

A subversão é sempre mais interessante...

geo disse...

se esse aqui é teu jornal, te acho uma puta jornalista. e o mais legal é que pode até nem ser cotidiano ou ilustrada, mas eu entendo.