segunda-feira, 14 de abril de 2008

ouro de tolo

as coisas se acumulam
as contas se acumulam
as pessoas se acumulam

do alto do meu precipício eu vejo
tudo chegar aos montes
caravanas inteiras de coisas
- coisas e mais nada
se aglomeram aos meus pés

eu nada faço
nada movo
eu sou uma montanha gélida parada
inerte
reflexiva, talvez
mas ainda inerte

eu vejo, mas quem me ve
acredita num palco
muito riso, muita graça
muitas dores de amores &
marcas de trepadas selvagens &
histórias de bar

eu não sei como sair do precipicio
do penhasco
desse palco enorme
e de nada
eu estou completamente ilhada
eu espero um SOS
enquanto finjo & faço que estou me corroendo pelas coisas
(coisas com nome, sobrenome, RG, DRE, registro na OAB)

eu acredito num pote de pimenta de vermelho descorado parado em cima da janela há dias.
Pimenta curtida, muito curtida.

Um comentário:

Magaldi disse...

"Hit the bottom
Hit the bottom
& escape
& escape"

a gente mega roubou o "&" do piva né, hahaha.

e viva o bonde do precipício
e viva a companhia dos atores
e viva a pimenta:
a ascese intramundana
viva
abrace o plástico
viva
seja o plástico
mas lembre-se que o plástico
veio do petróleo
do fundo do oceano
e que o petróleo
foi um dinossauro
e que o dinossauro
não existe mais
e que você
não existirá mais
mas você
será algo mais
assim como
o petróleo
o dinossauro
o plástico
o ator
a pimenta
a carteira perdida
a montanha inerte
nós seremos muito mais
nós, pelo menos,
PODEMOS
você pode até achar
que uma ilha é sempre ilha
que uma ilha
nunca esteve no continente
que uma ilha
nunca estará no continente
brasil + áfrica olha lá
nós, pelo menos,
PODEMOS

sei lá hahahaha